Um cenário surpreendente chamou a atenção no Centro de São Paulo nesta terça-feira (13). A famosa Cracolândia, conhecida pelo alto número de usuários de drogas circulando pelas ruas, amanheceu praticamente vazia. O "fluxo", que já chegou a reunir centenas de pessoas, simplesmente desapareceu e a Prefeitura não soube explicar para onde todos foram.
Em ruas como Gusmões, Aurora, Andradas, Santa Ifigênia, General Osório e Vitória, não havia sinal de usuários. Um contraste marcante em relação ao cenário de caos vivido no início do ano.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou estar surpreso com o sumiço repentino. Já o vice-prefeito, Coronel Mello Araújo, e o secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, comemoraram a mudança. Para a gestão municipal, o esvaziamento da área é resultado de ações integradas com foco em saúde, assistência social, trabalho e segurança.
Entre janeiro e março deste ano, segundo a Prefeitura, mais de 29 mil abordagens foram realizadas, e 7.500 pessoas foram encaminhadas para serviços públicos. Ainda assim, o destino de muitos usuários permanece um mistério.
Recentemente, um muro de 40 metros foi construído para isolar parte da região, o que gerou críticas. A Defensoria Pública classificou a medida como um “curral humano”. O PSOL acionou o Supremo Tribunal Federal pedindo a demolição, mas o ministro Alexandre de Moraes rejeitou o pedido.
Apesar da redução do fluxo, pequenos grupos ainda foram vistos na Rua Helvétia, Alameda Glete e na região do Bom Retiro, locais que historicamente também concentram usuários de drogas.
A Cracolândia continua sendo um dos maiores desafios sociais da capital. O esvaziamento atual pode parecer um avanço, mas deixa uma pergunta no ar: onde estão os usuários? E, mais importante, como estão sendo tratados?
A resposta ainda não veio.
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